sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Onde queres revólver sou coqueiro,
onde queres dinheiro sou paixão
Onde queres descanso sou desejo,
e onde sou só desejo queres não
E onde não queres nada, nada falta,
e onde voas bem alta eu sou o chão
E onde pisas no chão minha alma salta,
e ganha liberdade na amplidão
Onde queres família sou maluco,
e onde queres romântico,burguês
Onde queres Leblon sou Pernambuco,
e onde queres eunuco,garanhão
E onde queres o sim e o não, talvez,
onde vês eu não vislumbro razão
Onde queres o lobo eu sou o irmão,
e onde queres cowboy eu sou chinês
Ah, bruta flor do querer, ah, bruta flor, bruta flor
Onde queres o ato eu sou o espírito
e onde queres ternura eu sou tesão
Onde queres o livre decassílabo
e onde buscas o anjo eu sou mulher
Onde queres prazer sou o que dói
e onde queres tortura,mansidão
Onde queres o lar, revolução
e onde queres bandido eu sou o herói
Eu queria querer-te e amar o amor
construírmos dulcíssima prisão
E encontrar a mais justa adequação
tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés
e vê só que cilada o amor me armou
E te quero e não queres como sou
não te quero e não queres como és
Onde queres comício, flipper vídeo
e onde queres romance, rock'nroll
Onde queres a lua eu sou o sol
onde a pura natura, o inceticídeo
E onde queres mistério eu sou a luz
Onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro
e onde queres coqueiro eu sou obus
O quereres e o estares sempre a fim
do que em mim é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal
e eu querendo querer-te sem ter fim
E querendo te aprender o total do querer
que há e do que não há em mim
maria, a bethania.




2 comentários:

Fabiana disse...

Nem podes saber o quanto amo essa música...ela fala mto a meu próprio respeito, nessa minha alma de geminiana! Precisava ter lido isso hj!
Bjos, minha amiga Dani Ribeiro.

Fabiana disse...

Faz frio aqui. Sempre está frio por aqui. Aqui, onde niguém mora, nem se esconde, nem fica mais de um instante, está frio demais. Essa frieza que não dá pra disfarçar oferecendo bolinhos às visitas. Tentamos falar o contrário de tudo isso, mas o frio não mente, não desmente o que se sente. Ainda estamos tremendo, gemendo e querendo uma presença que nunca vem.
Fantasmas que em mim persistem. O frio não deixa ninguém vir. Ele é ausência, é a persistência de uma saudade que não acaba, porque para isso, precisaria de contato, não de distância. Me futuo para pegar um braço que estendeu um pedaço de sol. O meu braço estava estendido todo tempo. Descobri atrás dele meu sol e, nunca mais precisaria sentir tanto frio.

Bia P.