domingo, 28 de dezembro de 2008

Do que gosto - Parte VII - Os tecidos.



Terno de veludo

Voz de veludo

Boca de veludo

te dispo

te deixo surdo

te deixo em arco

quando te chupo.

ai leminski, quantas saudades...

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008




Título 1: Meu santo de casa não vai fazer o teu milagre
Imagem: DanielleRibeiro

Título 2: Por entre as pernas
Imagem: DanielleRibeiro
Voce prefere

uns

ou prefere

nus?

talvez prefira um

sol.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

ainda surda

em breve, um novo romance entre o mundo e o ex-som, novo silencio, aprender a aprender tudo de novo...

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Do que gosto - Parte VI - Do que não gosto.

não gosto de céu, acho o inferno meio barriga de mãe... quente. mas devo concordar com céu quando diz sobre seu nome na boca do sapo...

sábado, 6 de dezembro de 2008

Do que gosto - Parte V - Dos sustentos.



De quantas partes do seu corpo voce precisa para se sentir seguro?

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

eu faço desenho com constelações



toda segunda feira é a mesma coisa. esperar a estética começar pra eu me desligar do mundo através da melodia baiana prolixamente ditada e esperar por ele, meu objeto de desejo. branco, esguio, montado deliciosamente sobre ombros largos, ossos magros de costas retas...meu objeto, o pescoço daquele menino encantador assim... quieto, calmo, bonito... acho que o nome dele é... (bom, não quero dizer aqui, mais sei qual é porque esperei ele assinar a pauta)... "o belo essencial de platão"... (talvez foi isso que o professor disse)... "platão pensava assim...amor, beleza, dialética ascendente"....eu até que fui bem na prova...de perfil ele também é lindo...um cabelo curto, claro, uma barba por fazer, um nariz grande adequadamente posto num rosto comprido...uma boca semi-aberta ao copiar a matéria "a idéia do sublime de baumgarten".... a boca se fecha com a mão no queixo e um olhar atento...será sono? vontade de passar os dedos naquele pescoço... "podemos falar de prazer"...que frase perfeita pra essa hora..."experiência estética fenomenal"...caraca, o professor sabe mesmo das coisas.... fenomenos da natureza...ele tosse, ele sempre tosse...e ele sempre passa a mão naquele pescoço... chega menina, parece romance barato de banca de jornal da central do brasil...

depois que descobrí aquele pescoço nunca mais dormí nas aulas...

sabe aquelas vontades de ficar quieta ou de não falar tão alto?

pois é, dá sempre essa vontade...

mais aí eu sempre rio e estrago tudo.

como sempre.

"o belo é o universal sem conceito"...foi a última coisa que ouví.

domingo, 23 de novembro de 2008

Do que gosto - Parte IV - Sobre o não se deixar embriagar pelo sentimento primitivo.

- olha só, eu acho que se a gente se casar a gente vai transformar esse mundo num lugar lindo, com nosso amor e nossas flores... o que voce acha?


voce tá morto?!

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

em: meu céu pega fogo quando eu quero


enquanto isso ele escorre em calores brandos...

terça-feira, 18 de novembro de 2008

O que (realmente) me interessa são os arrepios.



O Infinito em Pé – Como o Oito fez a Noite...

(Ticiano Diógenes e André Lemos)

Toda noite eu vou encontro ao deus

Que reside no infinito em pé...

Todo dia o céu morre e nasce o céu

Ilumina o infinito em pé...

Meia noite vi renovada em mim

Fez-se a vida...

No horizonte se esconde o Sol

O mistério eu posso ver

E no auge do escuro das horas que se vai...

Da noite gosto mais!

Como o oito fez a noite

E a noite o infinito

Eu não quero mais o açoite

Quero ver o mais bonito!

Pelas mãos senti oito ciclos li

Se desenha o infinito em pé...

Oito cartas vem me julgar além

O destino o infinito em pé...

Vendo oculto em mim o oitavo lar

Minha vida...

Oito cores no ar se vê

O caminho se revelou

E no auge do brilho a mais da alma que me faz

O ciclo se faz...

Como o oito fez a noite...

domingo, 16 de novembro de 2008

Do que gosto - Parte III - Sobre a benevolência de Deus.

Passamos fome porque Deus é grande e generoso.

Do que gosto - Parte II - A luz (ou o porque do meu fotografamento)

A luz é dona de si, ela apenas tem dias de solidariedade com nossos olhos mortais... por isso, as vezes a gente acerta!

Do que gosto - Parte I - As coisas simples.

São os grandes olhares, os que deveríamos ter dado a mais tampo e não demos, a graças a alguma guia que é posta sobre nossos ombros a gente se vira e está lá. Ainda está, porque se compadeceu da nossa lombra.

domingo, 9 de novembro de 2008


Era mais um dia
Um dia de céu azul
É um dia claro
Um momento raro
Pra quem é do asfalto
O sangue não é azul
Nem vermelho como o sol
É o sangue novo
Que nasceu do pó
Sem dizer a que veio
Se achando o tal
Mas fazendo tudo igual
Barato para um fim
Astúcia sufoca o peito
O medo e a contravenção
Caminho por ruas, bifurcações
Mas no fim da minha rua
Tem areia branca
O ceú, o sol, o mar
O ceu, o sol e o mar


Música - Mombojó - O céu, o sol e o mar.

Imagem - DaniRibeiro

sábado, 8 de novembro de 2008

sobre tudo que a gente não explica (primeira parte)

Ninguem corre niguem troca de nome...Esses papo Mermo!! diz:
e "riiiiiiiiiiiiiiiiiippiiiiiiiiiiiiito" como diz aqui...se quiser "vim" pra cá..principalmente no carnaval
Ninguem corre niguem troca de nome...Esses papo Mermo!! diz:
veeeeeeeeeeeeeeeeeem
Dani Ribeiro diz:
é, to vendo esse lance de grana
Ninguem corre niguem troca de nome...Esses papo Mermo!! diz:
kd teu espirito hippie...libertario..sem compromisso..anti-capitalista...e muchileira?
Dani Ribeiro diz:
tá guardadinho p qdo eu tiver grana p fazer isso tudo!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

o que? o que que é?

masculino 1 (voz altamente libidinosa): - eu adoro uma boceta...

feminino 1 (virada estratégica e voz deliciosamente debochada): - ah é? então compra uma pra voce porque eu já tenho a minha.

fim

sábado, 1 de novembro de 2008

Saudade de voce subindo pelas minhas costas, escalando até chegar onde quer.

Imagem - DaniRibeiro

terça-feira, 28 de outubro de 2008

ATENÇÃO!!! As camisas que estiverem no Amostra Grátis terão um abatimento de R$5.00 no seu valor. ISSO SÓ ESTÁ VALENDO PARA O GERINGONÇA! As camisas compradas fora do evento voltam para o seu preço normal.


http://vestuariopoetico.blogspot.com/

www.fotolog.net/meninachora

sábado, 18 de outubro de 2008

Odoya High Tech


Quanto nome tem a Rainha do Mar?
Quanto nome tem a Rainha do Mar?

Dandalunda, Janaína,
Marabô, Princesa de Aiocá,
Inaê, Sereia, Mucunã,
Maria, Dona Iemanjá.

Onde ela vive?
Onde ela mora?

Nas águas,
Na loca de pedra,
Num palácio encantado,
No fundo do mar.

O que ela gosta?
O que ela adora?

Perfume,
Flor, espelho e pente
Toda sorte de presente
Pra ela se enfeitar.

Como se saúda a Rainha do Mar?
Como se saúda a Rainha do Mar?

Alodê, Odofiaba,
Minha-mãe, Mãe-d'água,
Odoyá!

Qual é seu dia,
Nossa Senhora?

É dia dois de fevereiro
Quando na beira da praia
Eu vou me abençoar.

O que ela canta?
Por que ela chora?

Só canta cantiga bonita
Chora quando fica aflita
Se você chorar.

Quem é que já viu a Rainha do Mar?
Quem é que já viu a Rainha do Mar?

Pescador e marinheiro
que escuta a sereia cantar
é com o povo que é praiero
que dona Iemanjá quer se casar.


Iemanjá Rainha do Mar

Maria Bethânia

Composição: Pedro Amorim e Paulo César Pinheiro


Fotografia: Dani Ribeiro

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Teste e Jogo.

Ah, os corpos se movimentando! Ao som do jazz a terra feminina fez trepidar o chão de madeira, os cachos em olhos verdes fazendo o céu se azular-violetamente*, massagearam-se, elementos que podem dar a lama dourada do calor e provocar o que só essa junção, ainda se juntando, pode proporcionar. A força da caminhada está no músculo da virilha. O descolar da pele e o jazz ainda canta, o céu se espalha sério, a terra grita na esfregação direcionada pelo motorista com os calcanhares batidos na madeira: “ ativem o centro gravitacional e acionem suas cordas vocais!” os rituais começam a esquentar... no totem transformados, o calor impregna os aparatos corpóreos e eles sibilam, sibilam e sibilam, chamam as vogais retumbantes do transe e o céu pára porque lhe falta o ar. Consegue na segunda tentativa, pois o céu é persistente. Eles nascem. O chão os recebe para uma dança escamoteada, infantil, espreguiçada, sensual nos seus movimentos sensual-involuntários, na voz languida, no ainda sibilar das línguas, arrepios na ponta da caneta, extensão do meu corpo, que não consegui manter impassível em transpor aqui. Em hora parecem bichos, monstros, ordinários esquecidos gritando por socorro, mães parindo no meio das florestas úmidas e abandonadas, infantes sem rumo, os sedentos por atenção, aborígenas copulando em caldeirões onde seus corpos cozinham para depois servirem-se de si mesmos e do segundo corpo, debilitados vocalmente soltando a língua no primeiro olhar do mundo, velhos esquizofrênicos, autistas concupiscentes, sonhadores abandonados, bonecas desritmadas a procura do eixo que as põe sobre as jóias que guardam.

Agora conhecem a loucura.

E viraram araras, peões lisérgicos, índios maquiados, assopradores de moscas invisíveis e discos voadores, chupadores de espaço com abdome contraído e tirando sarro do espírito estranho do desconforto, liberaram a ordem entre a água tirada do olho que insistia em fugir, caçaram a força e a rapidez, despertaram a libido suja, os bitboxes, a luz, a condição de macaco adestrado, os harakiris maternos, “eu vou voltar para seu ventre por onde a faca mata no oriente”, as chagas filiais nos cotovelos auto-flagelados, uma borboleta sépia observa tudo através de sua cabeça baixa na parede, a marionete enforcada não tem o direito de por os pés no chão, o vergalhão atrás do joelho que outrora era chamado de nervo. Mas é tão simples.

Meu trono.

A civilização.

Você me disse.

Não entremos em detalhes.

A civilização.

Meu trono.

Agora sim, conheceram a loucura.


*de violeta mesmo


quinta-feira, 9 de outubro de 2008

meu coração anda pensando agora.


Meu coração anda pensando agora, ele sai da minha cabeça e não da minha caixa torácica. Quero celebrar guerras novas, torturas novas, amores novos, novas torres caindo, novos deuses sendo derrubados, bigodes aparados com outras navalhas e outras navalhas na carne, quero novas doenças para desafiar as velhas curas, novos desastres, a natureza se vingando de outras maneiras, novas espécies de flores, novas crianças em novos parquinhos, novos ungüentos, nova educação, novas tecnologias e preços de passagens aéreas sem queimas... nem de estoque, nem de gente. Gostaria de supor que na manhã depois da trepada e do sono, às vezes ele vinha e me abraçava com seu hálito prolixo num meio de noite, gostaria de supor que não estivéssemos tão absorvidos pelo torpor do desconhecimento daqueles nossos corpos, mas que isso não importava porque nos encaixamos perfeitamente e isso não era compromisso, era só questão de carne boa pra comer, cabeça boa para que eu ficasse tão desconsertantemente amedrontada e feliz de ficar quieta e apenas olhando a profusão das palavras e gestos leves, como as mãos, os dedos gélidos e macios, sabonete que livra impurezas, mas conserva o cheiro do fumo califórnia, bastava isso e outra xícara de café pronto em pó que ele deveria arriscar fazer melhor. Quero novos lugares descobertos nesse e noutro mundo, novos teatros, novas rugas e tenho que lidar com as velhas, novas estrias em novas fotografias, novas partes do meu corpo em pedaços inimaginavelmente mostrados pra você, novas drogas em novos chás e em novas fumaças e porque não, debaixo de novas línguas?, quero a morte de Caetano e Gil, de Sandy e Junior, de Jose Saramago e quero Cem Anos de Solidão para quem não conseguir decifrar seus próprios pergaminhos. A musica do André tamborilando no cara já suado as seis da manha no final da linha do trem, seus dedos calejados e firmes, na boca da dona de casa sonhadora e da novinha que só vai no show dele porque ele é um gatinho, a direção de Ticiano em diversas línguas, porque é um homem milenar, aprendedor e sábio, do mondo e de seus redemoinhos e sibilações, quero minha bailarina sílfide dançando em cima de todos os rios, pontes e overdrives empunhando sua sobrancelha no céu e se curvando diante da sabedoria das lanças, nas quais também nos curvamos todos. Meu coração anda pensando agora, quero ter muitos olhos e muitos filhos, novos olhos e novos filhos, mergulhar em novos mares, sem me esquecer que aprendi a nadar no velho. Quero que esse texto não se pareça com a musica que Elis cantou, querendo uma casa no campo, porque eu quero a paulista e novos dreads em parceria com olhos azuis que talvez amanhã já me apagaram de seu mundo boniot y extrovertiod. Tudo pode até ser reciclado, desde que seja parido com a verdade das coisas secretas e verdadeiras de indícios de que ali jaz o morto e da bosta nasceram flores. No casamento do novo o velho se faz uma concubina necessária e diária para martelar em dedos vadios e deselegantes a promessa de deitar naquela rede de moleza uma alma-de-púcaro.

Levanta-te e anda.

Rio de Janeiro, 09.out.08 quinta feira 00:42min.


Fotografia: Dani Ribeiro

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

sem cem.


O Rio de Janeiro estava cinza e estranho quando terminei no meio da Avenida Presidente Vargas, minha visita á Macondo. Era como se eu estivesse sido deixada pelo trem de duzentos vagões de mortos no meio do concreto que ultimamente tem me tirado do sério. Senti um medo enorme de ter caído no alto dos meus 24 anos naqueles cem de ciclos intermináveis e irrepetíveis, meu coração se estremeceu e não sei se a cobra da vergonha ou melancolia ou até mesmo do descomprometimento comigo mesma pareceu viva naquele cachecol verde escuro enrolado no meu pescoço. Ele apertava à medida que eu vinha ganhado os metros para chegar até minha casa. Antes de chegar me deparei com os olhos da loucura, ela usava um guarda chuva azul, calça jeans, casaco que não reparei e a cada quatro passos lentos e bem medidos parava para um também não-sei-o-que de pensamentos. Sempre a vejo e sempre desvio olhar para que ela não me mire, não me fixe, não me aprisione com aqueles olhos coloridos de loucura. Coloridos sim, descobri que os olhos coloridos daquela mulher que poderia ser eu ontem, você hoje ou nós dois amanhã são vermelhos dos goles do etílico, amarelos pelas enfermidades que a rua nos presenteia em suas bandejas de papelão, branco-sujos de terra marrom e azulados da complacência com que o tempo lhe tirou de algo, de algum lugar e de alguém e a resignou depois como se cauteriza uma ferida para tentar matar os bichos. O tempo, conluiado como só de nossas desventuras, em série ou não, deu me hoje um grande nó nas válvulas coniventes, acordou e me fez de trouxa, escondeu meus trabalhos da faculdade, fazendo telefonar pra minha mãe e dizer-lhe coisas feias no pilar de minha altivez. Sim, eu sou uma trouxa, não porque o tempo me fez de trouxa, mas porque eu mesma faço, esse mosquitinho da chatice reconhecida interrompida depois de algum tempo por um outro telefonema pedindo desculpas ralas e já conhecidas, fica zum zum zum em cima da minha cabeça fraca.

O medo me impede de terminar esse texto. Portanto, paro por aqui.

Como inúmeras coisas em minha vida que me meteram o dedo na cara e me julgaram certo e eu fechei em livros, bocas coladas, orgulho dissolvido em sonrisal e choro debaixo da luz apagada.

Não quero cem anos assim. Só sei disso que não quero.

Rio de Janeiro, 08.out.08 15:11min