terça-feira, 28 de outubro de 2008

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sábado, 18 de outubro de 2008

Odoya High Tech


Quanto nome tem a Rainha do Mar?
Quanto nome tem a Rainha do Mar?

Dandalunda, Janaína,
Marabô, Princesa de Aiocá,
Inaê, Sereia, Mucunã,
Maria, Dona Iemanjá.

Onde ela vive?
Onde ela mora?

Nas águas,
Na loca de pedra,
Num palácio encantado,
No fundo do mar.

O que ela gosta?
O que ela adora?

Perfume,
Flor, espelho e pente
Toda sorte de presente
Pra ela se enfeitar.

Como se saúda a Rainha do Mar?
Como se saúda a Rainha do Mar?

Alodê, Odofiaba,
Minha-mãe, Mãe-d'água,
Odoyá!

Qual é seu dia,
Nossa Senhora?

É dia dois de fevereiro
Quando na beira da praia
Eu vou me abençoar.

O que ela canta?
Por que ela chora?

Só canta cantiga bonita
Chora quando fica aflita
Se você chorar.

Quem é que já viu a Rainha do Mar?
Quem é que já viu a Rainha do Mar?

Pescador e marinheiro
que escuta a sereia cantar
é com o povo que é praiero
que dona Iemanjá quer se casar.


Iemanjá Rainha do Mar

Maria Bethânia

Composição: Pedro Amorim e Paulo César Pinheiro


Fotografia: Dani Ribeiro

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Teste e Jogo.

Ah, os corpos se movimentando! Ao som do jazz a terra feminina fez trepidar o chão de madeira, os cachos em olhos verdes fazendo o céu se azular-violetamente*, massagearam-se, elementos que podem dar a lama dourada do calor e provocar o que só essa junção, ainda se juntando, pode proporcionar. A força da caminhada está no músculo da virilha. O descolar da pele e o jazz ainda canta, o céu se espalha sério, a terra grita na esfregação direcionada pelo motorista com os calcanhares batidos na madeira: “ ativem o centro gravitacional e acionem suas cordas vocais!” os rituais começam a esquentar... no totem transformados, o calor impregna os aparatos corpóreos e eles sibilam, sibilam e sibilam, chamam as vogais retumbantes do transe e o céu pára porque lhe falta o ar. Consegue na segunda tentativa, pois o céu é persistente. Eles nascem. O chão os recebe para uma dança escamoteada, infantil, espreguiçada, sensual nos seus movimentos sensual-involuntários, na voz languida, no ainda sibilar das línguas, arrepios na ponta da caneta, extensão do meu corpo, que não consegui manter impassível em transpor aqui. Em hora parecem bichos, monstros, ordinários esquecidos gritando por socorro, mães parindo no meio das florestas úmidas e abandonadas, infantes sem rumo, os sedentos por atenção, aborígenas copulando em caldeirões onde seus corpos cozinham para depois servirem-se de si mesmos e do segundo corpo, debilitados vocalmente soltando a língua no primeiro olhar do mundo, velhos esquizofrênicos, autistas concupiscentes, sonhadores abandonados, bonecas desritmadas a procura do eixo que as põe sobre as jóias que guardam.

Agora conhecem a loucura.

E viraram araras, peões lisérgicos, índios maquiados, assopradores de moscas invisíveis e discos voadores, chupadores de espaço com abdome contraído e tirando sarro do espírito estranho do desconforto, liberaram a ordem entre a água tirada do olho que insistia em fugir, caçaram a força e a rapidez, despertaram a libido suja, os bitboxes, a luz, a condição de macaco adestrado, os harakiris maternos, “eu vou voltar para seu ventre por onde a faca mata no oriente”, as chagas filiais nos cotovelos auto-flagelados, uma borboleta sépia observa tudo através de sua cabeça baixa na parede, a marionete enforcada não tem o direito de por os pés no chão, o vergalhão atrás do joelho que outrora era chamado de nervo. Mas é tão simples.

Meu trono.

A civilização.

Você me disse.

Não entremos em detalhes.

A civilização.

Meu trono.

Agora sim, conheceram a loucura.


*de violeta mesmo


quinta-feira, 9 de outubro de 2008

meu coração anda pensando agora.


Meu coração anda pensando agora, ele sai da minha cabeça e não da minha caixa torácica. Quero celebrar guerras novas, torturas novas, amores novos, novas torres caindo, novos deuses sendo derrubados, bigodes aparados com outras navalhas e outras navalhas na carne, quero novas doenças para desafiar as velhas curas, novos desastres, a natureza se vingando de outras maneiras, novas espécies de flores, novas crianças em novos parquinhos, novos ungüentos, nova educação, novas tecnologias e preços de passagens aéreas sem queimas... nem de estoque, nem de gente. Gostaria de supor que na manhã depois da trepada e do sono, às vezes ele vinha e me abraçava com seu hálito prolixo num meio de noite, gostaria de supor que não estivéssemos tão absorvidos pelo torpor do desconhecimento daqueles nossos corpos, mas que isso não importava porque nos encaixamos perfeitamente e isso não era compromisso, era só questão de carne boa pra comer, cabeça boa para que eu ficasse tão desconsertantemente amedrontada e feliz de ficar quieta e apenas olhando a profusão das palavras e gestos leves, como as mãos, os dedos gélidos e macios, sabonete que livra impurezas, mas conserva o cheiro do fumo califórnia, bastava isso e outra xícara de café pronto em pó que ele deveria arriscar fazer melhor. Quero novos lugares descobertos nesse e noutro mundo, novos teatros, novas rugas e tenho que lidar com as velhas, novas estrias em novas fotografias, novas partes do meu corpo em pedaços inimaginavelmente mostrados pra você, novas drogas em novos chás e em novas fumaças e porque não, debaixo de novas línguas?, quero a morte de Caetano e Gil, de Sandy e Junior, de Jose Saramago e quero Cem Anos de Solidão para quem não conseguir decifrar seus próprios pergaminhos. A musica do André tamborilando no cara já suado as seis da manha no final da linha do trem, seus dedos calejados e firmes, na boca da dona de casa sonhadora e da novinha que só vai no show dele porque ele é um gatinho, a direção de Ticiano em diversas línguas, porque é um homem milenar, aprendedor e sábio, do mondo e de seus redemoinhos e sibilações, quero minha bailarina sílfide dançando em cima de todos os rios, pontes e overdrives empunhando sua sobrancelha no céu e se curvando diante da sabedoria das lanças, nas quais também nos curvamos todos. Meu coração anda pensando agora, quero ter muitos olhos e muitos filhos, novos olhos e novos filhos, mergulhar em novos mares, sem me esquecer que aprendi a nadar no velho. Quero que esse texto não se pareça com a musica que Elis cantou, querendo uma casa no campo, porque eu quero a paulista e novos dreads em parceria com olhos azuis que talvez amanhã já me apagaram de seu mundo boniot y extrovertiod. Tudo pode até ser reciclado, desde que seja parido com a verdade das coisas secretas e verdadeiras de indícios de que ali jaz o morto e da bosta nasceram flores. No casamento do novo o velho se faz uma concubina necessária e diária para martelar em dedos vadios e deselegantes a promessa de deitar naquela rede de moleza uma alma-de-púcaro.

Levanta-te e anda.

Rio de Janeiro, 09.out.08 quinta feira 00:42min.


Fotografia: Dani Ribeiro

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

sem cem.


O Rio de Janeiro estava cinza e estranho quando terminei no meio da Avenida Presidente Vargas, minha visita á Macondo. Era como se eu estivesse sido deixada pelo trem de duzentos vagões de mortos no meio do concreto que ultimamente tem me tirado do sério. Senti um medo enorme de ter caído no alto dos meus 24 anos naqueles cem de ciclos intermináveis e irrepetíveis, meu coração se estremeceu e não sei se a cobra da vergonha ou melancolia ou até mesmo do descomprometimento comigo mesma pareceu viva naquele cachecol verde escuro enrolado no meu pescoço. Ele apertava à medida que eu vinha ganhado os metros para chegar até minha casa. Antes de chegar me deparei com os olhos da loucura, ela usava um guarda chuva azul, calça jeans, casaco que não reparei e a cada quatro passos lentos e bem medidos parava para um também não-sei-o-que de pensamentos. Sempre a vejo e sempre desvio olhar para que ela não me mire, não me fixe, não me aprisione com aqueles olhos coloridos de loucura. Coloridos sim, descobri que os olhos coloridos daquela mulher que poderia ser eu ontem, você hoje ou nós dois amanhã são vermelhos dos goles do etílico, amarelos pelas enfermidades que a rua nos presenteia em suas bandejas de papelão, branco-sujos de terra marrom e azulados da complacência com que o tempo lhe tirou de algo, de algum lugar e de alguém e a resignou depois como se cauteriza uma ferida para tentar matar os bichos. O tempo, conluiado como só de nossas desventuras, em série ou não, deu me hoje um grande nó nas válvulas coniventes, acordou e me fez de trouxa, escondeu meus trabalhos da faculdade, fazendo telefonar pra minha mãe e dizer-lhe coisas feias no pilar de minha altivez. Sim, eu sou uma trouxa, não porque o tempo me fez de trouxa, mas porque eu mesma faço, esse mosquitinho da chatice reconhecida interrompida depois de algum tempo por um outro telefonema pedindo desculpas ralas e já conhecidas, fica zum zum zum em cima da minha cabeça fraca.

O medo me impede de terminar esse texto. Portanto, paro por aqui.

Como inúmeras coisas em minha vida que me meteram o dedo na cara e me julgaram certo e eu fechei em livros, bocas coladas, orgulho dissolvido em sonrisal e choro debaixo da luz apagada.

Não quero cem anos assim. Só sei disso que não quero.

Rio de Janeiro, 08.out.08 15:11min





segunda-feira, 6 de outubro de 2008

pra minha mãe, odoya
pros meus irmãos, sejam bem vindos
pros meus amores, o colo acolhedor
pros meus filhos, serão felizes
pra mim, as flores
pra voce, eu.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

ele percorreu pelo meu corpo e eu nem tive medo, vai saber como as coisas acontecem?