sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Teste e Jogo.

Ah, os corpos se movimentando! Ao som do jazz a terra feminina fez trepidar o chão de madeira, os cachos em olhos verdes fazendo o céu se azular-violetamente*, massagearam-se, elementos que podem dar a lama dourada do calor e provocar o que só essa junção, ainda se juntando, pode proporcionar. A força da caminhada está no músculo da virilha. O descolar da pele e o jazz ainda canta, o céu se espalha sério, a terra grita na esfregação direcionada pelo motorista com os calcanhares batidos na madeira: “ ativem o centro gravitacional e acionem suas cordas vocais!” os rituais começam a esquentar... no totem transformados, o calor impregna os aparatos corpóreos e eles sibilam, sibilam e sibilam, chamam as vogais retumbantes do transe e o céu pára porque lhe falta o ar. Consegue na segunda tentativa, pois o céu é persistente. Eles nascem. O chão os recebe para uma dança escamoteada, infantil, espreguiçada, sensual nos seus movimentos sensual-involuntários, na voz languida, no ainda sibilar das línguas, arrepios na ponta da caneta, extensão do meu corpo, que não consegui manter impassível em transpor aqui. Em hora parecem bichos, monstros, ordinários esquecidos gritando por socorro, mães parindo no meio das florestas úmidas e abandonadas, infantes sem rumo, os sedentos por atenção, aborígenas copulando em caldeirões onde seus corpos cozinham para depois servirem-se de si mesmos e do segundo corpo, debilitados vocalmente soltando a língua no primeiro olhar do mundo, velhos esquizofrênicos, autistas concupiscentes, sonhadores abandonados, bonecas desritmadas a procura do eixo que as põe sobre as jóias que guardam.

Agora conhecem a loucura.

E viraram araras, peões lisérgicos, índios maquiados, assopradores de moscas invisíveis e discos voadores, chupadores de espaço com abdome contraído e tirando sarro do espírito estranho do desconforto, liberaram a ordem entre a água tirada do olho que insistia em fugir, caçaram a força e a rapidez, despertaram a libido suja, os bitboxes, a luz, a condição de macaco adestrado, os harakiris maternos, “eu vou voltar para seu ventre por onde a faca mata no oriente”, as chagas filiais nos cotovelos auto-flagelados, uma borboleta sépia observa tudo através de sua cabeça baixa na parede, a marionete enforcada não tem o direito de por os pés no chão, o vergalhão atrás do joelho que outrora era chamado de nervo. Mas é tão simples.

Meu trono.

A civilização.

Você me disse.

Não entremos em detalhes.

A civilização.

Meu trono.

Agora sim, conheceram a loucura.


*de violeta mesmo


3 comentários:

Fabiana disse...

Sem ar.

Bruno disse...

hm, muito lindo.
Fiquei imaginando todas as coisas e morrendo de inveja do Jazz.

D.J. Dicks disse...

que denso
qual bom