
toda segunda feira é a mesma coisa. esperar a estética começar pra eu me desligar do mundo através da melodia baiana prolixamente ditada e esperar por ele, meu objeto de desejo. branco, esguio, montado deliciosamente sobre ombros largos, ossos magros de costas retas...meu objeto, o pescoço daquele menino encantador assim... quieto, calmo, bonito... acho que o nome dele é... (bom, não quero dizer aqui, mais sei qual é porque esperei ele assinar a pauta)... "o belo essencial de platão"... (talvez foi isso que o professor disse)... "platão pensava assim...amor, beleza, dialética ascendente"....eu até que fui bem na prova...de perfil ele também é lindo...um cabelo curto, claro, uma barba por fazer, um nariz grande adequadamente posto num rosto comprido...uma boca semi-aberta ao copiar a matéria "a idéia do sublime de baumgarten".... a boca se fecha com a mão no queixo e um olhar atento...será sono? vontade de passar os dedos naquele pescoço... "podemos falar de prazer"...que frase perfeita pra essa hora..."experiência estética fenomenal"...caraca, o professor sabe mesmo das coisas.... fenomenos da natureza...ele tosse, ele sempre tosse...e ele sempre passa a mão naquele pescoço... chega menina, parece romance barato de banca de jornal da central do brasil...
depois que descobrí aquele pescoço nunca mais dormí nas aulas...
sabe aquelas vontades de ficar quieta ou de não falar tão alto?
pois é, dá sempre essa vontade...
mais aí eu sempre rio e estrago tudo.
como sempre.
"o belo é o universal sem conceito"...foi a última coisa que ouví.